Novo boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde aponta 2.782 casos suspeitos de microcefalia em 2015. O
número é 15,8% maior que as 2.401 notificações registradas no último balanço do
governo, apresentado há uma semana. No Rio de Janeiro, são 82 casos suspeitos
de malformação encefálica relacionada ao vírus zika, contra 57 verificados no
boletim anterior. No país, há 40 mortes sendo investigadas.
Na semana passada, o
Ministério da Saúde divulgou, pela primeira vez, um boletim classificando os
casos em três categorias: sob investigação, descartados e confirmados. Do total
de 2.401 notificações suspeitas de microcefalia relacionadas ao zika, 134
haviam sido dadas como confirmadas na ocasião. No balanço de hoje, a pasta
voltou à metodologia anterior, de apresentar apenas o total de casos suspeitos,
porque os profissionais de saúde não têm conseguido fazer os diagnósticos de
maneira padrão, segundo o protocolo publicado recentemente pela pasta.
Cláudio Maierovitch, diretor
do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde,
defendeu o recuo como forma de dar transparência aos dados e evitar erros:
- Os estados nos relataram
dificuldades na classificação e enquadramento confiáveis como casos confirmados
e descartados. Decidimos voltar a trabalhar com dados agregados, de
notificação. Continuaremos assim enquanto houver dúvidas -- explicou
Maierovitch - Temos feito videoconferência com equipes de vigilância em todos
os estados para que os critérios (do protocolo de diagnóstico) fiquem claros.
Pernambuco continua sendo o
local com mais registros: 1.031. A Bahia corrigiu números repassados de forma
duplicada, segundo Maierovitch, passando de 316 casos suspeitos no último
boletim para 271 no balanço atual. As notificações estão espalhadas por 618
municípios de 19 estados mais o Distrito Federal.
O aumento de 15,8% dos casos
suspeitos, em relação ao boletim da semana passada, é menor do que as médias
verificadas desde novembro, quando o governo passou a divulgar os dados da
microcefalia. Entre 21 e 28 de novembro, por exemplo, o número chegou a saltar
68%. Para Maierovitch, é precipitado fazer qualquer análise sobre o ritmo de
desaceleração dos registros:
- Não temos homogeneidade de
critérios suficientes para fazer essa análise global para dizer que já temos
uma velocidade diminuindo - afirmou Maierovitch.
O Ministério da Saúde decidiu reforçar
a orientação, já existente em todos os hemocentros do país, de aplicar uma
espécie de quarentena a doadores de sangue que apresentarem sintomas de zika --
como febre baixa, manchas vermelhas e dor no corpo -- nos últimos 30 dias. Eles
ficam inaptos a doar por 30 dias após a recuperação clínica completa.
Alberto Beltrame, secretário
de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, informou que esse procedimento já é
adotado quando se verifica a infecção por qualquer virose no momento do
questionário com perguntas sobre o estado de saúde do candidato a doador.
No entanto, depois da
ocorrência de transmissão de zika por transfusão de sangue, notificada em
Campinas, o governo decidiu reforçar a orientação da quarentena de 30 dias. Por
enquanto, não há previsão da inclusão de um exame laboratorial para identificar
zika no sangue doado nos hemocentros, até porque os testes específicos só
conseguem captar o vírus no material colhido na fase aguda da doença.
META
O governo reafirmou, nesta
terça-feira, a meta de visitar 100% dos imóveis no país, até 31 de janeiro,
para combater focos do mosquito Aedes Aegypti, que transmite zika, chikungunya
e dengue. Cada um dos 266 mil agentes comunitários de saúde espalhados pelo
Brasil, em parceria com 43,9 mil agentes de endemias, deverão cumprir uma média
de 20 visitas ao dia.
As estratégias vêm sendo
desenhadas nas salas de comando e controle que 16 estados já montaram e que
mantêm contato direto com o centro que funciona em Brasília, com a participação
do governo federal. De acordo com as necessidades dos municípios, afirmou
Maierovitch, outros atores serão demandados no combate ao mosquito, tais como
Exército, Defesa Civil, bombeiros, polícias, vigilâncias sanitárias e equipes
de limpeza urbana.
O diretor do Ministério da
Saúde voltou a fazer um apelo à população para que inspecionem com cuidado a
própria casa antes de sair de viagem, muito comum nesta época de fim de ano e
de férias escolares. Ele ressaltou também que o verão, período marcado por
muita chuva em alguns estados, é propício à proliferação do Aedes. Os casos de
dengue, lembrou Maierovitch, começam a se intensificar no final de fevereiro só
voltando a se normalizar, em termos numéricos, entre julho e agosto.
A promessa de distribuição de
repelentes a grávidas, de acordo com ele, continua dependendo de reuniões
feitas com fabricantes de repelentes. Maierovitch informou que houve encontros
na última semana para tratar da questão, mas que o governo ainda espera
informações sobre capacidade de produção e custos das empresas para fechar
alguma compra.
O Globo
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