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sábado, 12 de dezembro de 2015

Em acordo histórico, Cúpula do Clima limita aquecimento do planeta a 1,5 grau

Da direita para a esquerda, o presidente francês François Hollande, primeiro-ministro da França, Laurent Fabius, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon apresentam a leitura do texto final do acordo na COP-21 - Francois Mori / AP
Depois de duas semanas de uma maratona de negociações — grande parte delas feita madrugada adentro —, a Conferência do Clima de Paris (COP-21) aprovou, na tarde deste sábado, um acordo global. O texto estabelece que a soma de US$ 100 bilhões por ano deve ser o mínimo repasse feito por países ricos a nações pobres, a partir de 2020, para impedir que a temperatura do planeta se eleve acima de 1,5 grau Celsius. Em moeda brasileira, esse montante equivale a cerca de R$ 385 bilhões.


O texto foi aprovado por consenso pelos delegados das 195 nações que negociavam o conteúdo do documento desde o último dia 30. Por congregar tantas nações, como nunca foi alcançado nas cúpulas do clima anteriores, o acordo foi considerado histórico. 

- O acordo de Paris para o clima foi adotado - declarou o presidente da COP21, Laurent Fabius, recebendo uma longa salva de palmas como resposta. - Este é um martelo pequeno, mas pode fazer grandes coisas.

O documento começou a ser apresentado às 12h na hora local (9h de Brasília), pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon; pelo presidente da França, François Hollande; e pelo presidente da reunião e ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius.

Segundo Fabius, o acordo "salva" o Caribe e garante o repasse de verbas para a África combater a mudança do clima.

— Tenho a convicção de que chegamos a um acordo ambicioso e equilibrado — afirmou, durante a apresentação do texto, Laurent Fabius. — Se adotado, esse texto marcará um ponto de virada histórico. Esse acordo do clima é fundamental para a paz mundial.

Durante a apresentação do documento, na parte da manhã, o secretário-geral da ONU conclamou os negociadores a aprovarem o texto final.

— Vamos terminar o serviço. Bilhões de pessoas dependem de sabedoria de vocês — pontuou Ban Ki-moon. — As soluções para a mudança do clima estão à mesa, estão à nossa disposição agora.

A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, que atuou como um dos 14 facilitadores nas negociações, se mostrou satisfeita com o documento.

— Todas as posições do Brasil estão refletidas no acordo — assegurou a ministra.

No entanto, cientistas, ambientalistas e ativistas reivindicam que o documento não contém metas e prazos para o planeta alcançar um aumento de temperatura de, no máximo, 1,5 grau Celsius. Eles reclamam que não fica claro como os países devem fazer para atingir essa meta.

A íntegra do texto final do acordo, em inglês e com 31 páginas, pode ser acessada aqui.

'SEM PLANO B'
O último rascunho, elaborado na quinta-feira pela delegação francesa, já incentivava os países a limitarem o aumento da temperatura do planeta a 1,5 grau Celsius e a revisar suas metas de redução de emissões de poluentes a cada cinco anos.

Na noite de sexta-feira, a Torre Eiffell chegou a ser iluminada com a frase "No plan B" ("Sem plano B"), em referência a uma afirmação dada por Ban Ki-moon, segundo o qual não existe uma alternativa caso o plano de redução de emissões de gases de efeito estufa falhe.

O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse, também na sexta-feira, que tinha expectativa de concluir um texto ousado.

— Nós nunca encontraremos um momento tão favorável como agora em Paris, mas a responsabilidade está nas costas dos ministros, que amanhã (sábado) farão suas escolhas. Eu vou apresentar a eles um texto que será o mais ambicioso e equilibrado possível — disse Fabius.

DOCUMENTO FINAL DEMOROU A SAIR

O texto final do acordo foi apresentado um dia depois da data prevista. O prazo inicial era que os 195 países membros apresentariam um acordo definitivo na tarde de sexta-feira. No entanto, as autoridades consideraram necessário extender as negociações por mais um dia.

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— Preferimos ter tempo para consultar as delegações ao longo desta sexta-feira — justificou o presidente da reunião e ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius.

Em coletiva realizada na sexta-feira, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que estava "esperançoso" de que se chegaria a um consenso.

— Houve progressos ontem à noite (quinta-feira), uma noite longa, mas ainda há algumas questões muito difíceis em que estamos trabalhando. Ao longo do dia de hoje (sexta-feira), estarei fazendo reuniões com vários grupos — disse Kerry, na ocasião.

O Globo

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