Depois de duas semanas de uma
maratona de negociações — grande parte delas feita madrugada adentro —, a
Conferência do Clima de Paris (COP-21) aprovou, na tarde deste sábado, um acordo
global. O texto estabelece que a soma de US$ 100 bilhões por ano deve ser o
mínimo repasse feito por países ricos a nações pobres, a partir de 2020, para
impedir que a temperatura do planeta se eleve acima de 1,5 grau Celsius. Em
moeda brasileira, esse montante equivale a cerca de R$ 385 bilhões.
O texto foi aprovado por
consenso pelos delegados das 195 nações que negociavam o conteúdo do documento
desde o último dia 30. Por congregar tantas nações, como nunca foi alcançado
nas cúpulas do clima anteriores, o acordo foi considerado histórico.
- O acordo de Paris para o
clima foi adotado - declarou o presidente da COP21, Laurent Fabius, recebendo
uma longa salva de palmas como resposta. - Este é um martelo pequeno, mas pode
fazer grandes coisas.
O documento começou a ser
apresentado às 12h na hora local (9h de Brasília), pelo secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon; pelo presidente da França,
François Hollande; e pelo presidente da reunião e ministro das Relações Exteriores
da França, Laurent Fabius.
Segundo Fabius, o acordo
"salva" o Caribe e garante o repasse de verbas para a África combater
a mudança do clima.
— Tenho a convicção de que
chegamos a um acordo ambicioso e equilibrado — afirmou, durante a apresentação
do texto, Laurent Fabius. — Se adotado, esse texto marcará um ponto de virada
histórico. Esse acordo do clima é fundamental para a paz mundial.
Durante a apresentação do
documento, na parte da manhã, o secretário-geral da ONU conclamou os
negociadores a aprovarem o texto final.
— Vamos terminar o serviço.
Bilhões de pessoas dependem de sabedoria de vocês — pontuou Ban Ki-moon. — As
soluções para a mudança do clima estão à mesa, estão à nossa disposição agora.
A ministra do Meio Ambiente do
Brasil, Izabella Teixeira, que atuou como um dos 14 facilitadores nas
negociações, se mostrou satisfeita com o documento.
— Todas as posições do Brasil
estão refletidas no acordo — assegurou a ministra.
No entanto, cientistas,
ambientalistas e ativistas reivindicam que o documento não contém metas e
prazos para o planeta alcançar um aumento de temperatura de, no máximo, 1,5
grau Celsius. Eles reclamam que não fica claro como os países devem fazer para
atingir essa meta.
A íntegra do texto final do
acordo, em inglês e com 31 páginas, pode ser acessada aqui.
'SEM PLANO B'
O último rascunho, elaborado
na quinta-feira pela delegação francesa, já incentivava os países a limitarem o
aumento da temperatura do planeta a 1,5 grau Celsius e a revisar suas metas de
redução de emissões de poluentes a cada cinco anos.
Na noite de sexta-feira, a
Torre Eiffell chegou a ser iluminada com a frase "No plan B"
("Sem plano B"), em referência a uma afirmação dada por Ban Ki-moon,
segundo o qual não existe uma alternativa caso o plano de redução de emissões
de gases de efeito estufa falhe.
O ministro das Relações
Exteriores da França, Laurent Fabius, disse, também na sexta-feira, que tinha
expectativa de concluir um texto ousado.
— Nós nunca encontraremos um
momento tão favorável como agora em Paris, mas a responsabilidade está nas
costas dos ministros, que amanhã (sábado) farão suas escolhas. Eu vou
apresentar a eles um texto que será o mais ambicioso e equilibrado possível —
disse Fabius.
DOCUMENTO FINAL DEMOROU A SAIR
O texto final do acordo foi
apresentado um dia depois da data prevista. O prazo inicial era que os 195
países membros apresentariam um acordo definitivo na tarde de sexta-feira. No
entanto, as autoridades consideraram necessário extender as negociações por
mais um dia.
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— Preferimos ter tempo para
consultar as delegações ao longo desta sexta-feira — justificou o presidente da
reunião e ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius.
Em coletiva realizada na
sexta-feira, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que estava
"esperançoso" de que se chegaria a um consenso.
— Houve progressos ontem à
noite (quinta-feira), uma noite longa, mas ainda há algumas questões muito
difíceis em que estamos trabalhando. Ao longo do dia de hoje (sexta-feira),
estarei fazendo reuniões com vários grupos — disse Kerry, na ocasião.
O Globo
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