Limitar o aquecimento global
até 2100 a 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais implicaria um
aumento massivo da energia nuclear, afirmou o climatologista James Hansen. O
perito em mudanças climáticas disse que a energia nuclear – controversa por
razões de segurança – deve se tornar um elemento central no sistema energético,
lado a lado com as energias renováveis, para rapidamente reduzir os gases de
efeito de estufa que levam ao aquecimento global.
“Tudo o que é preciso é olhar
para as emissões da China, Índia e dos países em rápido desenvolvimento. Sua
energia é quase na totalidade baseada no carvão. A solução para o problema do
clima tem que passar pela eletricidade livre de carbono. E simplesmente isso
não vai acontecer na China e na Índia sem a ajuda do nuclear”, declarou Hansen,
que esteve ontem (3) na 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (COP21).
Atualmente, 80% da energia
consumida no mundo tem por base combustíveis fósseis. A energia solar e eólica
está em rápida expansão e atraindo investimentos, mas as renováveis ainda
representam menos de 5% do setor energético, sem contar com a energia nuclear.
Ainda assim, de acordo com o
especialista, mesmo que o objetivo das Nações Unidas seja atingido, e não se
ultrapasse o limite de 2 graus Celsius no aquecimento global até 2100,
provavelmente não será possível evitar catástrofes ambientais, sobretudo
provocadas pelo aumento dos níveis dos oceanos.
“Se deixarmos as geleiras se
tornarem instáveis, o mundo pode tornar-se ingovernável devido às consequências
econômicas, que seriam enormes”, afirmou o climatologista, ao lembrar ainda que
metade das grandes cidades mundiais está na linha costeira. As geleiras da
Groelândia e da Antártida Ocidental contêm água congelada em quantidade
suficiente para elevar o nível do mar em 13 metros.
Nasa
O cientista trabalhou em
estudo de clima na Nasa, a agência espacial americana, entre 1981 e 2013. Ele
se tornou ativista em prol de políticas que possam contrariar a ameaça
climática e defende que sistemas como a compra de cotas de carbono pelas
empresas “não funcionam” e já demonstraram “ser inadequados”. Hansen defende
ainda que esse sistema levará à manutenção da dependência dos combustíveis
fósseis.
Os cientistas calculam que
pelo menos 60% das reservas de petróleo, gás natural e carvão ainda a serem
exploradas devem permanecer debaixo do solo para evitar o sobreaquecimento do
planeta.
A COP21, que ocorre até ao dia
11, reúne em Paris representantes de 195 países que tentarão alcançar um acordo
legalmente vinculante sobre redução de emissões de gases de efeito de estufa
que permita limitar o aquecimento da temperatura média global. Até agora, mais
de 170 países já apresentaram suas contribuições para a redução de emissões,
ainda insuficientes para alcançar a meta proposta.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente