O ministro-chefe da Secretaria
de Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS) está de saída do governo. Ele tentou
entregar ontem o seu pedido de demissão à presidente Dilma Rousseff, mas não
conseguiu uma audiência com a presidente. Padilha viajou para Porto Alegre
(RS), antes, porém, deixou a exoneração protocolada no Planalto.
De acordo com o colunista
Jorge Bastos Moreno, o comando do PMDB entendeu como uma grave sinalização a
recusa do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, de receber o colega Eliseu
Padilha, que lhe entregaria a carta de demissão. Para não ter que constranger a
presidente Dilma, Padilha optou por essa via. Com a recusa de Wagner em
recebê-lo, Padilha foi obrigado a protocolar sua carta de demissão, atitude
rara na história da República.
Segundo pessoas próximas ao
ministro, ele vinha dizendo estar se sentindo bastante "constrangido"
porque não podia nem criticar, nem defender o processo de abertura de
impeachment. Na Esplanada, Padilha é o ministro mais próximo do vice-presidente
Michel Temer. A saída se deu por "convicção política" e
"lealdade" ao vice. Padilha já vinha se sentindo incomodado no cargo,
mas a decisão começou a ser pensada na noite de quarta-feira, em conversa com
peemedebistas no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer. No dia
seguinte, quando Dilma e Temer conversaram e o ministro Jaques Wagner fez um
relato que o vice não considerou correto da reunião, Padilha sacramentou o
desembarque.
— Foi um dia de muitos
desmentidos. O Planalto decidiu a posição de Temer. O ambiente passou a ser de
muitos imprevistos — disse ao GLOBO uma pessoa próxima ao ministro.
Com relação à Aviação Civil, a
gota d’água foi o fato da presidente ter desautorizado uma indicação dele para
a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O ministro encaminhou o nome de
Juliano Noman para uma diretoria da Anac com o aval de Dilma. No entanto,
quando a Secretariara de Aviação Civil enviou o nome para o Senado a presidente
mandou suspender a indicação.
Um peemedebista da cúpula afirmou
que outro ministro ligado a Temer, Henrique Eduardo Alves (Turismo), está numa
saia-justa. Já há pressão para que ele também desembarque do governo. Na última
reforma ministerial, em setembro, Henrique Alves trabalhou muito para emplacar
seu nome na Esplanada, o que dificulta sua decisão. Nesta última reforma, outro
ministro do PMDB, Helder Barbalho, que era da Pesca e foi remanejado para
Portos, passou a ser da "cota" de Temer. Barbalho estava de saída do
governo, mas se aliou a Padilha e Alves, formando uma tríade do entorno de
Temer. Apesar da pressão, um aliado de Alves disse que ele não deve deixar o
cargo.
Quanto a Barbalho, ele já
fechou posição em não deixar o governo neste momento e espera ser acompanhado
por Alves, "em prol da governabilidade". Barbalho almoçou com Padilha
na quinta-feira, quando o ex-ministro da Aviação Civil apresentou-lhe os
argumentos pelo qual estava deixando o o governo. Na conversa, Padilha disse
que a suspensão de sua indicação à Anac foi a gota d'água que motivou sua
decisão.
Na visão de aliados de Padilha
no PMDB, o vazamento do pedido de exoneração via protocolo pelo Palácio do
Planalto corroborou a impressão de que a presidente Dilma Rousseff e seus
principais aliados queriam o ex-ministro da Aviação fora do governo.
O líder do PMDB na Câmara,
Leonardo Picciani (RJ), disse que, apesar de o ministro da Secretaria de
Aviação Civil, Eliseu Padilha, ter anunciado que vai deixar o governo, não há,
no momento, nenhum movimento dos outros ministros do partido nessa direção.
Além da Aviação Civil, o PMDB tem mais cinco pastas: Saúde, Minas e Energia,
Ciência e Tecnologia, Portos e Turismo.
Além de Padilha, outro
ministro próximo ao vice-presidente Michel Temer é Henrique Eduardo Alves, de
Turismo. Celso Pansera, de Ciência e Tecnologia, que foi qualificado pelo
doleiro Alberto Youssef de "pau mandado" do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve permanecer onde está, segundo Picciani.
- O Pansera não é ligado a
Cunha. Ele é do PMDB do Rio e a relação entre eles é partidária - declarou.
O Globo
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