
Pela proposta inicial, seriam
enquadrados na regra de transição somente homens a partir dos 50 anos e
mulheres a partir dos 45 anos. Esses trabalhadores poderiam se aposentar pelas
regras atuais, pagando pedágio de 50%. Já os demais só poderiam se aposentar
aos 65 anos de idade, independentemente do tempo de contribuição.
— Dois pontos estão
basicamente acertados na regra de transição. Haverá idade mínima no momento da
promulgação da PEC, independentemente da idade de cada um, de quanto falta. E
haverá pedágio, menor que 50%. Ele se estenderá até 30 anos de idade para
homens e mulheres — disse Arthur Maia, que classificou essas duas mudanças como
"alicerces básicos" da regra de transição, que ainda não está
totalmente definida. Na prática, para o trabalhador com até 30 anos de idade,
não valerá a pena entrar na regra de transição, e será mais vantajoso aderir à
idade mínima de 65 anos.
— O cidadão tinha 49 anos e 11
meses e estava fora (da regra de transição). O que tinha 50 anos entrava na
transição. Isso gerava situações muito díspares — emendou o deputado Carlos
Marun (PMDB-MS), que preside a comissão da reforma previdenciária. Ele se
refere à proposta original do governo, que trazia que haveria uma idade para a
transição para a reforma: 50 anos para homens e 45 para mulheres. Pessoas mais
novas do que essa faixa teriam de aderir integralmente à reforma, com idade
mínima proposta de 65 anos, para ambos os sexos. Nesta terça-feira, Temer disse
que a idade mínima para aposentadoria é a "espinha dorsal" do
projeto.
Ao ser perguntado sobre o
impacto fiscal dos recuos do governo na reforma — o que pode exigir novas
mudanças num prazo de 20 anos, dita pelo presidente Michel Temer, o relator
respondeu que não faz essa conta.
— A conta que eu faço é que
nós temos que aprovar a reforma possível — disse o deputado.
'ESPINHA DORSAL DA REFORMA'
Ele minimizou as alterações na
proposta original, alegando que serão preservados dois pontos cruciais da
reforma: idade mínima e teto do INSS (hoje em R$ 5.531) para as aposentadorias
de todos os trabalhadores.
— Esses pontos são a espinha
dorsal da reforma — declarou.
O ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, confirmou que o governo está discutindo idade mínima
diferenciada (de 60 anos) para professores, policiais federais e civis.
— Estamos discutindo — disse o
ministro ao ser peguntado sobre o assunto, depois da reunião do presidente
Temer com líderes dos partidos aliados para discutir a reforma da Previdência.
Ele reiterou que é preciso
buscar compensações para os pontos que estão sendo alterados no processo de
negociação com o Congresso:
— Estamos trabalhando para
fazer uma reforma de fato que tenha condições de assegurar o equilíbrio fiscal
e não aumentar a despesas da Previdência com proporção ao PIB. Senão, não
conseguimos equilibras as contas. Não é uma questão de não poder fazer isso
versus aquilo. Tudo que se cede um ponto te que compensado em outro. Esse é o
problema.
'ATESTADO DE
IRRESPONSABILIDADE'
Maia e Marun se disseram
satisfeitos com a reunião desta terça-feira. Segundo eles, as bancadas aliadas
encaminharão posição a favor da aprovação do relatório da reforma. Entretanto,
ainda há poucos detalhes sobre as mudanças, tampouco sobre o impacto fiscal
dessas alterações discutidas. Na última quinta-feira, o governo anunciou que
faria mudanças em cinco pontos: aposentadoria rural, benefício de prestação
continuada (BPC), pensões, aposentadoria de professores e policiais, e regras
de transição.
Marun apostou que o governo
terá mais de 350 votos no plenário da Câmara. Antes, a previsão do deputado
estava em 330. Como trata-se de uma emenda constitucional, são necessários no
mínimo 308 votos de deputados, ou dois terços. A votação terá que ocorrer em
dois turnos na Câmara e no Senado.
— Não existe ninguém que
defenda que não precisa de reforma. Hoje é quase um atestado de
irresponsabilidade.
De acordo com Marun, o
relatório deve ser lido em comissão na próxima terça-feira, no dia 18. Um dia
antes, ele deve ser apresentado para a base parlamentar. A expectativa é
aprovar o texto na comissão entre os dias 25 e 28 de abril, liberando-o para apreciação
no plenário da Câmara.
O Globo
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