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O professor de Direito da FGV
José Eduardo Faria, durante Debate Estadão
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Citada como essencial por
todos os palestrantes, a cláusula de barreira ajudaria a reduzir a fragmentação
partidária brasileira, já que com ela partidos seriam obrigados a obter um
número mínimo de votos para ter representatividade no Congresso e, assim, fatia
maior do Fundo Partidário. Hoje, são 35 partidos e outros 57 com pedido de
autorização no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Escassez gera eficiência e
abundância gera incompetência”, afirmou o líder do movimento Vem Pra Rua,
Rogério Chequer.
A cláusula de barreira e o fim
das coligações nas eleições proporcionais foram aprovados pelo Senado no fim do
ano passado e estão em discussão em comissão da Câmara.
Para o cientista político
Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estabelecer
uma cláusula que diminua a dispersão partidária e vetar a possibilidade de os
partidos firmarem coligações proporcionais são medidas que deveriam ser
adotadas já para 2018. “Com a tendência atual, vamos chegar a 2018 com um
Congresso praticamente impossível de ser governado e com um presidente com
muita dificuldade de diálogo e articulação política. ”
Na visão de Nicolau, se essa
fragmentação continuar, dificilmente um partido vai conseguir conquistar mais
de 10% de cadeiras no Congresso. “Nas últimas eleições presidenciais, o PT conseguiu
o maior número de representantes, mas isso significou só 13% das cadeiras. ”
Na mesma linha, o cientista
político Luiz Felipe d’Ávila, do Centro de Liderança Pública (CLP), também
apontou para a necessidade de se limitar a criação de siglas como condição
essencial para um novo sistema político representativo.
“Isso não faz bem ao Brasil. E
o pior é que (se nada for feito) a fragmentação tende a crescer com o aumento
do Fundo Partidário. Isso incentiva a criação de partidos políticos, já que há
garantia do dinheiro em caixa todo mês”, disse, levantando outra questão: como
deve se dar o financiamento de campanhas, se com dinheiro apenas público ou
também privado.
Voto distrital. Chequer também
defendeu as vantagens do voto distrital. “Há estudos que dizem que o voto
distrital reduz em cinco vezes o custo das campanhas. Se querem aprovar a lista
fechada para baratear as campanhas, por que então não aprovam o voto distrital?
”
Por esse modelo, legisladores
são eleitos individualmente dentro dos limites geográficos de um distrito e
pela maioria dos votos, o que impede, por exemplo, que muitos votos para um
candidato sejam revertidos em mais vagas para outros da mesma coligação.
Segundo o professor Milton
Seligman, do Insper, o voto distrital ainda reduz o custo do processo
eleitoral. “Deve ser implementado o mais rápido possível, mesmo que
primeiramente em alguns locais do País, como uma espécie de teste.” Os
participantes do 'Debate Estadão', no entanto, afirmaram não ser possível
prever se a reforma será votada pelo atual Congresso e, em caso afirmativo,
quais pontos serão tratados no texto.
“Qual é a reforma adequada?
Qual o momento adequado? Acho que todas as oportunidades devem ser
aproveitadas, mesmo que sejam para introduzir pequenas reformas. Se houver
participação e pressão da sociedade, pode haver um resultado positivo. Se
conseguirmos aprovar a cláusula de barreira, já seria um ganho”, afirmou o
professor José Álvaro Moisés, cientista político da Universidade de São Paulo
(USP).
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