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Foto: Ailton de Freitas |
O Palácio do Planalto foi
tomado de surpresa com a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), de abrir o processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff nesta quarta-feira. A presidente fará um pronunciamento ainda na noite
de hoje no Salão Leste do Palácio do Planalto e adotará o tom de que a atitude
de Cunha foi uma retaliação política. Neste momento, Dilma está reunida em seu
gabinete com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), José Eduardo Cardozo
(Justiça), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e com seu assessor
especial, Giles Azevedo, fechando os detalhes de sua fala.
No começo da tarde, logo após
o anúncio dos deputados petistas de que votariam contra Cunha no Conselho de
Ética, o governo reagiu imediatamente temendo que algo grave pudesse acontecer,
vislumbrando a discussão do impeachment nas próximas semanas. No entanto, ao
longo da tarde e com o ambiente parecendo calmo, o Planalto resolveu que
aguardaria os desdobramentos da reunião do conselho, na semana que vem. Mesmo
com a preocupação no ar, ninguém imaginava que Cunha desse andamento ainda hoje
ao pedido de afastamento.
O Globo
Imediatamente após o anúncio
de Cunha de que aceitaria o pedido de impeachment, o ministro Jaques Wagner
(Casa Civil) desceu para o gabinete de Dilma para discutir o assunto. Em
seguida chegou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O Palácio do
Planalto deve se manifestar oficialmente sobre o assunto até o fim do dia.
Auxiliares da presidente
afirmaram que o momento é de cautela e que não cabia até então ao governo se
antecipar ao debate sobre o impeachment. Até minutos antes do anúncio de Cunha,
o Planalto avaliava que se ele tomasse essa decisão, ficaria evidente que
estava se vingando do PT e do Executivo. Surpreendidos, os governistas se
reunirão para decidir qual será a reação a Cunha.
O núcleo político do governo
vinha operando fortemente para que os três deputados petistas no Conselho de
Ética aliviassem a situação de Cunha a fim de evitar que ele aja contra a
petista. A operação, no entanto, vinha causando constrangimento na maioria da
bancada do PT, que não concordava com a ajuda ao peemedebista.
— Berzoini, Jaques e Rossetto,
que têm proximidade com muitos de nós na bancada sabiam da nossa posição e da
nossa dificuldade, mas agiram de forma contraditória, numa posição de governo
que não era boa para ninguém — disse um parlamentar petista citando os
ministros do PT da Secretaria de Governo, da Casa Civil e do Trabalho,
respectivamente.
A decisão tomada pela bancada,
com o suporte do PT a partir da nota do presidente Rui Falcão, expôs a rebeldia
dos deputados com a pressão do governo.
— Criou-se uma situação muito
constrangedora. Não podemos igualar Dilma a Cunha — disse o deputado Vicentinho
(PT-SP).
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