![]() |
Presidente do BC, Ilan
Goldfajn, em 20 de dezembro. (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
|
O Banco Central indicou nesta
quinta-feira que pode acelerar o ritmo de corte dos juros. Na ata divulgada
sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) feita na semana
passada, a autoridade monetária reforça que as expectativas de inflação estão
ancoradas - tanto para 2017 quanto para 2018. Na avaliação de analistas, o BC
deve acelerar a redução de juros. Os bancos Safra e Fibra já preveem corte de
um ponto percentual na próxima reunião, dos atuais 12,25% para 11,25%. Na
semana passada, o BC manteve o ritmo de redução da taxa básica de juros da
economia e cortou a Selic de 13% para 12,25% ao ano. A decisão foi tomada por
unanimidade.
O texto aponta que os membros
“debateram os próximos passos e manifestaram preferência por manter maior grau
de liberdade quanto às decisões futuras, a serem tomadas em função da evolução
do cenário básico do Copom e dos fatores de riscos”.
Segundo o economista-chefe do
Banco Safra, Carlos Kawall, a ata mostra que o BC está tranquilo com a
inflação. Assim, prevê redução para 11,25% na próxima reunião, que será nos
dias 11 e 12 de abril.
Entre as incertezas listadas
pelo Copom está o processo de retomada da atividade econômica que "pode
ser mais (ou menos) demorada e gradual do que a antecipada". O Copom
também cita o "alto grau de incerteza no cenário externo pode dificultar o
processo de desinflação". Para os diretores do Banco Central, até o
momento, a atividade econômica global mais forte e o consequente impacto
positivo nos preços de commodities têm mitigado os efeitos sobre a economia
brasileira do processo de alta de juros nos Estados Unidos. Por outro lado, há
incerteza sobre os rumos da economia chinesa.
"No entanto, (os diretores
do Copom) acreditam que a economia brasileira apresenta hoje uma maior
capacidade de absorver eventual revés no cenário internacional, devido ao
progresso no processo desinflacionário e na ancoragem das
expectativas".Segundo a ata, os indicadores de atividade econômica dão
sinais mistos, mas compatíveis com estabilização da economia no curto prazo. O
Copom vê retomada gradual da atividade econômica ao longo de 2017. E ressaltou
também o alto nível de ociosidade nas fábricas. Esse ponto tem sido falado
bastante nos bastidores da equipe econômica.
É considerado um trunfo do
governo, que espera que não deve haver um repique imediato da inflação com a
retomada econômica porque há muito espaço vazio que pode ser retomado na
produção e garantir a oferta de produtos sem aumento de preços.
Na visão do Copom, a inflação
está com uma dinâmica favorável, dá sinais de menor persistência.
"Os membros do Comitê
reafirmaram o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas,
projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para
2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico do Copom prescreve
antecipação do ciclo de distensão da política monetária", afirmou o BC.
Um ponto importante ressaltado
pelo colegiado é que os preços estão em queda em produtos mais sensíveis ao
ciclo econômico e à política de juros do BC. A queda no preço dos alimentos
pode ter desdobramentos favoráveis na economia. Isso, segundo o BC, impactaria
as previsões.
O Copom cita ainda o efeito
positivo do processo de aprovação das reformas fiscais. Lembra, entretanto, que
o futuro é incerto nas próximas reformas como a da previdência.
O Banco Central ainda lembrou
a queda da inflação das tarifas de serviços públicos - grande vilã da inflação
nos últimos anos. Nas contas feitas com as hipóteses do mercado, a projeção de
inflação do Copom para 2017 está abaixo da meta, em 4,2%. Para 2018, está ao
redor de 4,5% (justamente o objetivo pretendido pelo governo). Esse cálculo não
levava em consideração a queda na previsão da Selic de 9,5% ao ano para 9,25%
ao ano (mostrada na pesquisa semanal feita com o mercado, divulgada ontem). Já
no cenário de juros e câmbio estáveis, a inflação para este ano seria de 3,8% e
de 3,3% para 2018.
CORTES MAIS PROFUNDOS
De acordo com a ata do Copom,
o BC entende que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das
estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que continuarão
a ser reavaliadas pelo comitê ao longo do tempo.
"O Copom ressalta que uma
possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da
estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade
econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de
inflação".
Isso significa que, para
aumentar o ciclo da queda de juros, os diretores do BC discutiam e continuarão
a discutir a chamada taxa de juros estrutural da economia e seus fatores como a
produtividade, política fiscal, qualidade do ambiente contratual e de negócios,
eficiência na alocação de recursos e qualidade das políticas econômicas. Como
tudo isso envolve elevado grau de incerteza, as avaliações sobre o assunto são
subjetivas e afetadas por questões como a aprovação das reformas.
"Em relação ao ritmo de
flexibilização ao longo do ciclo, o Comitê entende que, para uma dada
estimativa de sua extensão, uma intensificação do ritmo equivale a um maior grau
de antecipação do ciclo", afirmou o BC.
"Alguns membros do Comitê
ponderaram que essa estimativa de extensão poderá ser revisada também em função
do grau de antecipação do ciclo."Por fim, os membros do Copom destacaram a
importância de outras reformas e investimentos em infraestrutura que visam
aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia
e melhoria do ambiente de negócios. Esses esforços são fundamentais para a
estabilização e a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento
da economia brasileira".
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente