As operadoras de telefonia
móvel decidiram abrir uma disputa acirrada por preço para reconquistar o
consumidor que, afetado pela crise econômica, cortou gastos e eliminou do
orçamento os vários chips de celular que até então carregava na bolsa. Nesta
terça-feira, a Oi anunciou redução de até 82% no preço de suas tarifas e o
aumento do pacote de dados para planos pré-pagos. Na sexta-feira, a TIM havia
anunciado a reformulação de seus planos. Segundo fontes, a Vivo lançará em
breve novos planos comerciais.
Segundo analistas, a base
pré-paga é a primeira a sentir as mudanças nos planos, já que a geração de
receita é mais rápida e pode reforçar o caixa das empresas, que sente os
efeitos da crise. De janeiro a agosto, segundo dados da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), houve queda de 2,69% no número de usuários
pré-pagos, para 208 milhões — número que representa 74% do total de usuários no
país.
— As pessoas estão deixando de
ter o segundo chip por uma questão de custos. Agora, as operadoras estão
brigando para ser o chip único do cliente. Após Oi e TIM, Vivo e Claro vão
atrás — disse Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
MAIS CONCORRÊNCIA
Os especialistas e as empresas
lembram ainda o fenômeno das redes sociais. Eles citam o caso do WhatsApp, que
permite a ligação entre os clientes e surge como opção para a redução de gastos
quando o consumidor quer ligar para diferentes operadoras. Assim, a Oi decidiu
reduzir o preço das tarifas. Antes, o cliente pré-pago pagava R$ 1,75 por
minuto para ligar para outras operadoras e R$ 2,40 para interurbanos. Agora,
essas ligações vão custar R$ 0,30.
— Queremos ganhar participação
de mercado. O dinheiro está mais curto para todo mundo. A questão
macroeconômica acaba influenciando — diz Bernardo Winik, diretor de Varejo da
Oi — Neste mês de novembro, estamos com a “Black November”, com descontos de
até R$ 1,3 mil nos aparelhos.
Roberto Guenzburger, diretor de
produtos de mobilidade da Oi, lembrou ainda que a empresa também aumentou o
volume de dados oferecidos nos pacotes semanais. Passou de uma média de 150
mega (MB) para até 400 MB.
— Um cliente pré-pago, hoje,
usa, em média, cerca de 300 MB — destacou ele, lembrando que, em média, os
clientes pré-pagos gastam cerca de R$ 50 por mês com os vários chips que
utilizam ao mesmo tempo.
A TIM também está de olho
nesses clientes. Por isso, a companhia reformulou seus planos. No pré-pago, a
empresa oferece hoje, por R$ 7 semanais, cem minutos em ligações para qualquer
operadora. Antes, a tarifa era de R$ 0,99 por minuto para ligações fora da rede
da TIM e tinha 300 minutos para outros números da TIM. A empresa também
aumentou o volume de dados de 50 MB para 150 MB.
— O momento da economia fez as
empresas se reinventarem. A crise está fazendo as pessoas escolherem um só
chip. Nesse momento, a preocupação é mais econômica e esse conceito de ligações
dentro da rede (de uma mesma operadora) não faz mais sentido. O valor médio de
uma ligação entre usuários de operadoras diferentes é de R$ 1,50, quarenta
vezes mais caro que uma chamada dentro da mesma rede. É um preço muito alto
para o momento do Brasil — disse Rogerio Takayanagi, diretor da TIM Brasil.
A Claro, recentemente, também
alterou parte de seus planos com foco no maior uso de dados, ao permitir o uso
gratuito das redes sociais (como Facebook, WhatsApp e Twitter). Segundo
analistas, as empresas também estão se preparando para aumentar a base de clientes
num momento em que as taxas de interconexão (VUM), valor que uma empresa tem de
pagar quando o cliente liga para a rede de outra companhia, estão em queda
livre e tendem a ficar próximas de zero já em 2019.
— Em pouco tempo não haverá
diferença de preço em qualquer tipo de ligação. As empresas estão preocupadas
com isso e querem ter uma base de usuários já fidelizadas. Ainda há a
expectativa de maior competição com novas operadoras virtuais — disse Ronaldo
Sá, da Orion.
O Globo
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