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Criminosos invadem contas de
WhatsApp e pedem dinheiro a contatos da vítima — Foto: Rafael Barbosa/G1
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A empresária Clara Santos, de
34 anos, colocou um anúncio em um site de vendas em Natal. Pouco tempo depois,
recebeu uma ligação. Era um suposto atendente do próprio site, de um número com
DDD de São Paulo, que pediu para que ele confirmasse seus dados. Em seguida, o
suposto funcionário disse que enviaria um código para o celular dela e que
assim que ela dissesse o código que recebeu o anúncio no site de vendas seria
liberado. Clara passou o código. A partir daí ela não conseguiu mais acessar o
WhatsApp no seu celular. Clara foi vítima de um golpe e teve o WhatsApp
clonado.
De acordo com a Polícia Civil
do RN, os golpes através sites de compras têm se tornado recorrentes. E o
destino mais comum dos criminosos é o WhatsApp. Depois que o estelionatário
consegue clonar a conta, começa a mandar mensagem para vários conhecidos da
vítima pedindo dinheiro.
Ao ligar para a vítima se
passando por funcionários do próprio site, os criminosos pedem a confirmação de
um código, que chegará por mensagem de texto no celular. Na verdade, o
criminoso está tentando acessar o WhatsApp dessa pessoa de outro lugar.
Ele pega o número do telefone
e tenta cadastrar o aplicativo em outro dispositivo. Quando isso acontece, a
empresa que administra o app envia uma senha para o aparelho de origem, para
que o usuário informe se não se trata de uma invasão. Essa senha precisa ser
digitada no aparelho novo, em que se pretende usar o WhatsApp.
Se a vítima fornecer esse
código, o bandido tem acesso aos dados do aplicativo no celular dele, e cancela
o uso no dispositivo original. A partir daí, começa a se comunicar com os
contatos, solicitando, normalmente, quantias em dinheiro.
Como se prevenir
O setor de Inteligência da
Polícia Civil alerta que aplicativos como Instagram, WhatsApp e Facebook dão
possibilidade aos usuários de fazer uma autenticação do uso em duas etapas.
Essa ferramenta está na aba de configuração dos apps. Depois de ativá-la, os
acessos de dispositivos diferentes do original passam por confirmações de
códigos.
No caso do WhatsApp, a
primeira é a da senha gerada pela própria empresa e enviada por SMS. Depois
disso, é necessário fazer uma segunda confirmação, esta por um código criado
pelo próprio dono do aparelho original, que a empresa não tem acesso.
São seis dígitos que serão
solicitados periodicamente durante o uso diário do app, além do pedido que
acontece para a instalação em outros dispositivos.
Os policiais civis chamam a
atenção também para o fato de que, sabendo disso, o estelionatário pode
solicitar ao usuário essa segunda chave de segurança, após pedirem a primeira,
que chega por mensagem. Entretanto, a partir daí fica mais nítido que não se
trata de um contato da empresa de suporte, porque é uma senha feita pelo
próprio usuário e de uso somente dele.
Ainda segundo o setor de
Inteligência, é preciso também que as pessoas estejam em alerta para a essas
ligações telefônicas. A Polícia Civil acrescenta que não é comum essas empresas
entrarem em contato via telefone, pedindo confirmação de códigos. Portanto,
quando ocorrer, é necessário se certificar.
O que fazer se cair no golpe
Caso o sistema seja invadido,
tem jeito. A Inteligência da Polícia Civil orienta que após o golpe a vítima
tente acessar o WhatsApp com o número original por diversas vezes. Após algumas
tentativas, o próprio sistema do aplicativo bloqueará o uso por um determinado
tempo.
Depois disso, é necessário
entrar em contato com a empresa que gere o app, solicitando a remoção da conta.
Esse pedido pode ser feito por e-mail (support@whatsapp.com), em português. A
Polícia Civil afirma que, após alguns dias, é possível baixar novamente o
aplicativo e utilizá-lo normalmente.
Além disso, é preciso avisar
aos contatos salvos no celular que foi vítima do crime, para evitar que eles
sejam também lesados.
Diferentes formas de atuação
Os policiais explicam que as
maneiras de praticar esse tipo de estelionato também variam. Os investigadores
comparam essa atividade com as antigas, já mais conhecidas. Como quando
criminosos fingem ter um bilhete premiado e tentam extorquir dinheiro da
vítima, depois de abordá-la na rua e levar até um terminal bancário, afirmando
que precisam do montante para liberar o prêmio, que não existe. Ou mesmo a
prática do sequestro forjado por telefone.
Os estelionatários têm se
adaptado às plataformas digitais e mudado a forma de aplicar os golpes, se
adequando ao que permitem esses novos meios. São links em e-mails com
informações duvidosas sobre as vítimas, ligações com pedidos de confirmações de
códigos de redes sociais, ou sites de compras. Atualmente, o maior alvo é o
WhatsApp, pela facilidade de interação e acesso aos contatos da conta.
De toda maneira, segundo a
Polícia Civil, esse tipo de crime está incluído na natureza de “engenharia
social”. É impossível praticá-lo sem que haja um contato direto com as pessoas
que serão o alvo dos golpistas. Não há como aplicar o golpe sem a participação
da vítima.
G1RN
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