As informações constam do artigo “A dinâmica da infecção de SARS-CoV-2 em crianças e contatos domiciliares em uma comunidade pobre do Rio de Janeiro”, que ainda vai ser publicado na revista científica "Pediatrics, Official Journal of the American Academy of Pediatrics".
A análise envolveu:
- 323 eram crianças (de 0 a 13 anos);
- 54 adolescentes (14 a 19 anos);
- e 290 adultos.
A base da pesquisa foi o acompanhamento de crianças atendidas no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, em Manguinhos. Os testes de 45 crianças (13,9%) deram positivo para o vírus.
Os cientistas visitaram as residências dessas crianças e fizeram testes com PCR e sorologia. Adultos e adolescentes que moravam com as crianças também foram testados.
O levantamento mostra ainda que a infecção foi mais frequente em crianças com menos de 1 ano e na faixa de 11 a 13 anos, e que todas haviam tido contato com um adulto ou adolescente com sinais recentes de Covid-19.
Na comparação com os dados do Rio, o estudo mostra que um terço das pessoas pesquisadas (33%) tinham sido expostas ao vírus por volta de agosto de 2020, uma taxa maior do que a registrada na população geral da cidade no mesmo período (7,5%).
O estudo foi coordenado Patrícia Brasil, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas.
“Nossas descobertas sugerem que em cenários como o estudado, escolas e creches poderiam potencialmente reabrir se medidas de segurança contra a Covid-19 fossem tomadas e os profissionais adequadamente imunizados”, explica a pesquisadora.
Para os pesquisadores, isso é particularmente importante em comunidades pobres, onde muitas pessoas vivem em uma mesma casa.
Um total de 32,6% (79 de 242) das crianças com menos de 14 anos e 31% (72 de 231) dos contatos familiares tiveram resultados positivos, indicando que já tinham sido expostos ao SARS-CoV-2 até setembro de 2020.
Das 45 crianças com testes positivos, 26 tiveram contato com um adulto também positivo. As outras 19 tiveram contato com adultos que não quiseram fazer o teste, mas que relataram sintomas suspeitos de Covid-19.
A pesquisa observou também uma proporção maior de crianças com menos de um ano infectadas, em comparação com outros grupos, o que seria atribuído ao contato direto com as mães.
“A menos que essas crianças fossem portadoras do SARS-CoV-2 por um longo período, nossos resultados são compatíveis com a hipótese de que elas se infectam por contatos domiciliares, principalmente com seus pais”, diz o artigo, “ao invés de transmitir para eles”.
Os pesquisadores destacam, no entanto, que o período de análise coincidiu com o fechamento das escolas.
“Os adultos podem ter sido os propagadores mais importantes porque continuaram a trabalhar fora de casa, continuamente expostos nos transportes e locais de trabalho”.
G1
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