Os estados do Nordeste, assim
como Espírito Santo e Rio de Janeiro, poderão ter um surto de dengue a partir
de março de 2020, afirma o Ministério da Saúde.
“A dengue é uma doença sazonal
e o quadro é dinâmico e pode mudar em pouco tempo, mas, no momento, os nove
estados do Nordeste e as regiões do Sudeste com grande contingente populacional
pouco afetadas em 2019 estão no nosso alerta”, afirmou ao G1 o porta-voz do
Ministério da Saúde, Roberto Said.
Mapa mostra estados do país
que poderão ter surto de dengue em 2020 — Foto: Fernanda Garrafiel/G1
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O Brasil registrou 1.544.987
casos de dengue no ano passado, com 782 mortes, segundo dados da pasta, um aumento
de 488% em relação a 2018, um ano considerado atípico pelo Ministério.
Infográfico mostra os casos
registrados de dengue e estados com maior número de registros — Foto: Fernanda
Garrafiel/G1
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Variações de ano a ano
Segundo Said, 2017 e 2018
foram anos com poucos casos de dengue quando comparados a 2015 e 2016.
"Isso aconteceu porque
circulou, em todos esses anos, o mesmo sorotipo do vírus da dengue. E quando
uma pessoa é infectada pela dengue, ela estará imune aquele determinado
sorotipo pra sempre, mas não aos outros sorotipos da doença", afirma.
A dengue é transmitida por quatro
sorotipos do vírus: o sorotipo 1, 2, 3 e 4, todos em circulação no Brasil.
A intensidade de circulação
desses sorotipos se alterna pelo país de tempos em tempos. Os surtos de dengue
costumam ocorrer, segundo Said, quando há mudança na circulação do tipo de
vírus.
Foi o que ocorreu no final de
2018, quando começou a circular no Sudeste e Centro-Oeste um tipo diferente dos
anos anteriores, o sorotipo 2. "As pessoas não estavam imunes ao sorotipo
2, que não circulava no país desde 2008. Por isso ele veio tão forte, porque
encontrou novas pessoas para infectar", explica o porta-voz.
A recente circulação do
sorotipo 2 aconteceu somente em algumas partes do Sudeste e Centro-Oeste, o que
ajuda a entender porque 77% de todos os registros de dengue no país, assim como
67% das mortes, ocorreram em apenas três estados em 2019: São Paulo, Minas
Gerais e Goiás.
"O sorotipo 2, que já é
um tipo mais virulento que os outros, foi ganhando força conforme foi
infectando novos pacientes nesses estados. Agora, ele está circulando por mais
áreas. Por isso, para 2020, é esperado aumento dos casos de dengue justamente
nos estados que não foram tão afetados pelo sorotipo em 2019, como o Rio de
Janeiro e Espírito Santo", explica o porta-voz do ministério.
Said também alerta que o surto
da doença se relaciona, ainda, a fatores ambientais. "Estamos em um
momento propício para a proliferação do mosquito transmissor da dengue [Aedes
aegypti]: altas temperaturas e chuvas intensas".
Zika e chikungunya
Os dados de registro de zika ainda
estão baixos no Brasil. "Mas temos a confirmação laboratorial de que o
vírus do zika está em circulação por todos os estados do país, menos no Acre.
Por isso, ainda há alerta de infecção para as gestantes", informa Said.
A zika é transmitida pela picada
do mosquito Aedes aegypti, o mesmo responsável pela dengue. Em gestantes, a
infecção por zika pode causar microcefalia nos bebês. Em 2016, o Brasil foi
apontado como um dos países mais afetados pelo zika.
No que diz respeito a
chikungunya, também transmitida pela picada do Aedes aegypti, Said afirma que
apesar do aumento dos casos em 2019, não há previsão de um novo surto para
2020.
G1
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